"Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe".
Oscar Wilde

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

A Razão para a Discórdia.

Revolta, sonho perdido
Olho em volta
Nada faz sentido
Quero cair, quero chorar
Não quero ver ninguém
Não quero sequer amar


E em lembrar do dia 
que acreditei
Que qualquer coisa podia ser real


Desabei
Quebrei
Caí
Chorei
E chorei
Mas não gritei


Quando foi que aprendi
Que gritar não faz parte da vida?
Sufocar aumenta a dor


E agora, com até a alma ferida
Paro, penso e finjo que acredito
Que amanhã vai ser melhor
Melhor,
Vai ser...
Há de melhorar. 

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Ao maior de todos os amores... Parabéns pra você!

            Ele já tinha me visto antes, embora eu jamais o tivesse enxergado. Somos vizinhos, separados por alguns minutos de distância e trocamos olhares propriamente pela primeira vez lá do outro lado do mundo. Em nossa primeira conversa, Daniel recusou-me vinho, aos risos, já achando graça da minha embriaguez. A tal ponto ele não imaginava ter que lidar com ela por todos os anos a sua frente. Eu reclamei em uma brincadeira, mas não conseguia não sorrir porque, não sabendo daquilo que já sabíamos quando nos entreolhamos no primeiro segundo, ele seria aquele ao meu lado pra sempre. E eu ao seu.

            Quando nos beijamos o mundo inteiro rodou. E tentei negar por algumas horas no dia seguinte, mas estava feito. Não nos separaríamos dali em diante. Isso foi há quase sete anos, dos quais o amor evoluiu e a felicidade aumentou em escalas inimagináveis. Jamais acreditei não ser possível viver sem uma outra pessoa. Mas sem ele eu não vivo... Posso tentar sobreviver, mas os sorrisos não serão os mesmos, nem qualquer gesto de afeto. Porque não existe outro ser humano com seu coração, sua bondade, seu companheirismo. Não há quem faça rir assim, quem seja tão comprometido assim e dedicado com tudo. E que tenha esses olhos. Ah, os olhos. Verdes à luz do sol e um castanho magnífico na sombra.

            Eu te amo é muito pouco, mas sendo tudo que posso dizer para expressar tudo que há dentro de mim em relação a você, então eu repetiria mil e uma vezes: eu te amo, eu te amo, eu te amo, eu te amo, eu te amo...

            A este dia sou imensamente grata, porque foi nele que você nasceu. Prestigiamos o nascimento e a vida de grandes homens e, pra mim, você é o maior de todos eles, em toda história. Em toda minha história, nossa história.

            Se fosse desejar coisas para mim mesma neste dia, te desejaria 120 anos de pura felicidade, aquela sincera, na qual tudo que importa está bem. Mas que cada um dos minutos pela frente fosse ao meu lado e que eu pudesse causar a maioria dos seus sorrisos. Mas o aniversário é seu, então eu te desejo somente a felicidade. Em tudo que você desejar, em tudo que te fizer bem, de todos que te fizerem feliz! Você é especial e hoje é um dia especial. Parabéns! 

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

O Percurso...

Eu gosto de escrever... mas às vezes esqueço. Ou tenho medo de produzir algum texto bem ruim. Mas e daí? Em um livro do Amós Oz – DeAmor e Trevas – o autor cita uma passagem que provavelmente foi uma das mais interessantes que já li:

“Então, o que é autobiográfico nas minhas histórias, e o que é imaginado? Tudo é autobiográfico: se um dia eu escrever uma história sobre o caso de amor entre Madre Teresa e Abba Eban, com certeza vai ser uma história autobiográfica, não há história que não seja confessional”.

Ele prossegue explicando que obviamente o autor sabe sobre o romance entre ele mesmo e seu texto, seja ele feliz ou dramático. Sua obra, no entanto, é para o público e cada leitor deve procurar o que há entre si próprio e o que está lendo naquele momento – não o que aquelas palavras significaram para o escritor. Aquele que o faz, prossegue Amós Oz, é um mau leitor.

Este pequeno parágrafo reproduzido acima me reconforta como poucas coisas na vida. Através 
dele eu sei que posso escrever, ainda que publicamente, como em um diário, onde minhas 
palavras não apareçam tão claras quanto os sentimentos e os acontecimentos reais. Mas que, 
de qualquer forma, elas vão – pelo menos deveriam – significar alguma coisa para quem as está 
lendo (seja o texto bom ou ruim, até porque onde não prestar sempre existe a opção de
interromper a leitura bem aí).

Então aqui vai:
Querido diário público, onde todos estão lendo. Boa noite. São quase 00:00h e estou cheia de
coisas pra fazer, mas neste momento me dei o prazer (e não o luxo) de escrever sobre a vida, 
sem mais. E hoje, ou melhor, ultimamente, tenho sentido uma vontade imensa de fazer uma 
ode a dois grandes milagres: à amizade e ao inesperado.

Amizade não é fácil de se explicar. Um amigo não é aquele que fica pra sempre na sua vida,
nem que necessariamente está pra você o tempo todo. Alguém me disse muito recentemente:
“Um dia eu vou te magoar e você vai me magoar. Existem duas formas de encarar isso, uma é
aceitando e pesando que o relacionamento vale mais do que um vacilo e a outra é ficando completamente chateado” (ok, não foram as palavras exatas, mas ela me perdoa). O inesperado, então, só pela sua definição como é que se traduz em conceito? Nem eu, nem você o estamos esperando de qualquer forma.

Algo incrível me aconteceu neste ano. Estes dois milagres se convergiram para mim. Ganhei da vida amizades inesperadas! Algumas delas são pra sempre, outras talvez não. O que me importa de verdade é que elas estão aqui e agora. E são divinas!

Nós confessamos uma para a outra o quão feias estamos e naquilo que sempre falhamos fatalmente. E depois, consolamos – ou melhor, damos um tapa na cara dizendo a verdade – trazendo à tona que a outra não se enxerga direito. São todas tão lindas e apaixonadas. Inteligentes e tão cheias de charme e de uma ternura! Eu não consigo entender, nem explicar. Então não tento – aproveito e tento me deixar aproveitar. Queiram todas as forças que eu seja para elas o que elas são para mim. Não um porto seguro, não uma bengala. Uma boa risada, uma conversa sincera, um abraço carinhoso, uma crítica dolorida e construtiva. Um sorriso cativante e reconfortante. Uma lembrança, mesmo que de duas horas atrás, daquelas que faz gargalhar.

Ah, a trajetória daquilo que a gente mais planeja e menos consegue controlar: a vida! Fui buscar aprimorar minha carreira e aprimorei, em alta escala, minha qualidade de vida. Minha felicidade. Por uns breves momentos tudo aquilo que a gente acha que está errado – profissão, dinheiro, amores, viagens – parece tão bobo. Porque existem coisas tão melhores para serem aproveitadas que tocam bem no âmago da felicidade. Lá dentro do peito, de onde todos achamos que saem os sentimentos, porque quando estamos felizes ou tristes ele palpita ou desacelera, de alguma forma se manifesta: bem do coração.

Uma homenagem a essa breve felicidade, que em muito infelizmente acaba perdendo para os problemas “reais” do cotidiano. Às verdadeiras amizades e aos sorrisos que vêm de dentro de nós. Que nos são proporcionados por pessoas amadas. Um brinde – até porque as personagens anônimas deste texto não passam sem um copo na mão – ao percurso. Ao não deixar se perder durante o caminho – porque, felizmente, tem alguém te puxando de volta!

            Heart pra você, querido diário! J
  

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Eternità (Fortunata)

Nonna, nonna, come mi manchi. A textura dos seus cabelos escuros e escorridos é paupável, bella, e a lembrança do carinho feito pela sua mão ainda acalma. Sua voz é tão nítida, minha Fortu, suas palavras doces e sua bala de mel. Aposto que ainda me fala "mangia, se me voglie bene" aí do seu lugarzinho no céu. Se pessoa de sorte significa seu nome, eu digo que a fortuna é você quem traz, quando viveu, enquanto existe eternamente. Fortuna mesmo é te ter pra sempre, como parte da vida. Bondade inexplicável, amor em pessoa, Nonna nos deixou para buscar a paz. Deixar, não precisamente. Seu lugar ainda está no sofá e, nos aniversários, o bolo di cioccolato ainda é deliciado. Em todo aniversário em que você não está... Sua ausência se encontra em tudo, assim como sua presença, em todo lugar. Porque ainda consigo te escutar sonhando em grego e cantar para nos alegrar. Se ainda me envolvo no teu chale e me cubro com seu edredon, não é para segurar uma lembrança perdida. Depois de tantos anos, seu cheiro não está mais lá. Mas não preciso disso, não preciso de nada, te temos em cada característica, por toda eternità. O que tenho a te dizer: te amo pra sempre, minha querida. E per te, Fortunata, após prováveis erros de italiano, termino com versos franceses que você nos ensinou, na falta de palvras emocionadas: "...c'est ma plume qui te l'écrit et c'est mon coeur qui te le dit".

Arrivederci, nonna. 

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Quinta feira de chuva...

     A análise é algo interessante. Pra mim, pelo menos, é um dos melhores momentos da semana e, pior, eu não acho isso patético. Por um único espaço de tempo em dias, a pessoa senta lá e relata momentos da sua semana, dia ou até de seu passado mais longíquo. Fala sobre sua história com a mesma paixão que tem, a mesma necessidade eu diria, de contar para alguém sobre um filme intenso que acabou de ver ou que não lhe sai da cabeça. Por alguns breves minutos, o sujeito "analisado" tem a chance de ser o personagem principal da vida cotidiana. E sua rotina se torna diferente, única, especial.
     Seja como for, como eu disse, é um dos melhores momentos da minha semana. Ontem, como usualmente, saindo do consultório do meu analista, sentei-me no ônibus e soltei um longo suspiro - do tipo positivo. Do tipo que fala "não está tudo perdido - você é meio desequilibrada pra sua idade, mas o caminho sempre pode dar certo". E, com esse suspiro, senti o cheiro do trânsito: asfalto quente e combustível de carros. Voltei pra realidade, finalmente, isso é tão raro. E pensei em tudo isso: rotina! Uma jovem adulta (argh, essa palavra ainda me assusta) trabalhando todo dia, no mesmo lugar, nas mesmas coisas... a cada domingo desejando pelo próximo fim de semana. Para onde foi meu entusiasmo diário, minhas aventuras, minha bobeira de sorrir o tempo todo sem motivo (sim, eu sei, isso é meio irritante), minhas caminhadas? Por onde anda o sol durante a semana e o mar que eu tanto amo ver? Por que eu não posso ter meia hora por dia pra respirar ar fresco e dar um mergulho?
     E então, como propriamente em um drama muito emocionante, eu que estava sentada à janela começo a reparar nos pingos que entram e molham minha roupa. São poucos, mas fortes. E olho pro céu. No meio daquela confusão de carros, faróis e buzinas - meu inferno pessoal - vejo a água cair. Que felicidade! Estava aí, de volta, meu bem estar vindo do nada (ou melhor, caindo com a chuva).
     Ultimamente comecei a aceitar a minha natureza. Nunca vou optar pelo que é melhor pra mim materialmente. Eu já acho isso bem estúpido, mas meu interior ainda acredita em conquistar sonhos, em ajudar a mudar o mundo. Minha alegria ainda vem de pessoas, de uma paisagem bonita, uma corrida, árvores, caminhada na areia, de um bom livro acompanhado de um bom café. Aquela chuva veio e lavou a cidade (ok, pelo menos Copacabana). O cheiro de asfalto quente se dissipou para aquele cheiro que eu adoro de grama molhada - não tinha grama, não sei até que ponto a imaginação influencia o momento. A chuva lavou minha alma. E eu fiquei apreciando, olhando pro céu feito uma tonta, deixando minha saia molhar. E pensei: "quando eu terei outra oportunidade assim?".
     Se alguém está imaginando o que eu quis dizer com isso, pode apostar que foi a coisa mais estranha do mundo. Há tanto tempo eu não tomava um banho de chuva. Não podia deixar a chapinha desfazer ou correr o risco de ficar doente, molhada e ao vento, não é isso que todos dizem? Mas agora eu estava indo pra casa. O cabelo podia fazer o emaranhado que quisesse, a roupa poderia ser colocada pra secar em minutos. E então, eu, o personagem principal da aventura, desci deliberadamente direto para os pingos fortes, volumosos e cada vez mais intensos, com o guarda chuva na bolsa (sim, eu tinha um e menti sobre isso ao chegar encharcada em casa)!
      Ninguém podia dizer que eu não estava delirando. Do inferno, fui ao paraíso. Não liguei para as pessoas apavoradas esperando a chuva passar, nem para todos olhando estranhamente o meu sorriso, enquanto eu andava calmamente, com água caindo nos meus olhos e pingando na minha roupa. Simplesmente caminhei. E, completamente encharcada, quando o vento bateu comecei a tremer. Gosto de pensar que eram tremores de felicidade, mas provavelmente eram de frio, mesmo. Eu odeio frio, ele nunca me fez tão bem. Sentir meu corpo tremer... sentir meu corpo. Me sentir em mim mesma, percebendo a água escorregar pela minha pele, inundar o meu sapato. Raros são os momentos que a pessoa consegue se sentir dos pés à cabeça... pelo menos comigo é assim. Andei, me molhei, sorri, cantei sozinha... fiz papel de estúpida, mas não reparei (podia estar tocando "I'm singing in the rain", muito apropriado). E cheguei no elevador.
     Olhei minha imagem no espelho e, pela primeira vez em anos, me achei bonita. Completamente desarrumada, com a roupa molhada, a maquiagem desgastada, os cabelos embaraçados de uma forma que eu jamais permitiria. Mas... tão natural. Gostei do que vi e, de novo, sorri pra mim mesma.
     Quando vou ter outra oportunidade assim? De tomar um banho de chuva! De me sentir, vivendo dentro de mim, aproveitando o que tem de melhor no mundo, me esquecendo - ou melhor, simplesmente não me importando - com os olhares (inclusive o meu). Não, aquela chuva de ontem não lavou minha alma. Lavou meu corpo! Despertou o melhor dos meus sorrisos, a minha mais íntima beleza e a mais profunda das minhas felicidades. A vida.   
    É... pelo jeito sou sim desequilibrada. Mas a alegria que a chuva de verão noturna em plena quinta feira trouxe foi uma que eu não sentia desde que deixei parte do meu coração do outro lado do mundo.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

À embriaguez

Tem dias que a solução é deitar no teu peito,
me embriagar do seu calor, viver este momento.
Ouvir teu coração, apreciar o seu jeito.

Com os olhos fechados, nesse lugar especial
é onde eu digo que te amo, e amo,
mesmo quando finjo que te odeio.

Suas cócegas me fazem rir,
o abraço me sufoca e é bom, como é bom,
Pois eu me esqueço dos meus medos.

De todos os receios, e eles são tantos,
um é bem maior e eu te digo meu amor,
que é a idéia de pensar se um dia eu te perco.